Nota: Este comunicado foi publicado pela Causa Real em 10 de agosto de 2018 no seu site.

Incêndios – Comunicado de S. A. R.
o Senhor Dom Duarte

É com grande tristeza que mais uma vez os portugueses assistem ao flagelo dos fogos durante os meses de Verão. Mais uma vez as populações sofrem fisicamente e economicamente as consequências de fogos que são cada vez mais frequentes e de maior intensidade no nosso país.

Este ano tem sido a Serra de Monchique, que está a arder há vários dias, criando um rastro de destruição e desespero nas populações que aí vivem, às quais gostaria de transmitir a minha solidariedade e da minha família.

Não é compreensível que apenas um ano depois da tragédia de Pedrógão a situação se mantenha e que as populações do interior do país continuem desprotegidas. Passou apenas um ano de uma tragédia que matou muitos portugueses e causou grandes perdas económicas e um desastre ambiental.

Os nossos governantes prometeram preparação, mas o que temos vindo a assistir são sistemáticas situações de descoordenação de entidades com responsabilidades na protecção. Depois da repetição de uma situação com esta gravidade, é importante retirar as devidas consequências – políticas e operacionais. É o que os portugueses esperam e merecem depois de uma situação desta gravidade.

É definitivamente necessária uma séria reorganização do espaço florestal que reduza a probabilidade e gravidade deste tipo de situações. Essa reorganização deve partir do Estado e não dos particulares, que em geral não têm capacidade económica para fazer face ao que é necessário. Aliás, no ano passado, um dos piores incêndios aconteceu numa mata propriedade do Estado, o Pinhal d’El-Rei, plantada há sete séculos na região de Leiria.

Quanto aos meios aéreos e terrestres disponíveis, estão longe de ser os mais adequados, segundo as opiniões dos especialistas nacionais e estrangeiros. Não faz sentido por em risco as vidas de quantos combatem no terreno, e não lhes dar as armas necessárias!

Apelo também a uma mobilização dos jovens, que devem ser sensibilizados para esta grave questão e que poderiam dar o seu contributo. Na ausência do serviço militar obrigatório, os jovens deveriam ser incentivados para uma maior participação cívica sendo preparados para ajudar os que combatem estas catástrofes, e outras que poderão acontecer. A generosidade e coragem dos jovens levá-los-á a participar com entusiasmo em iniciativas destas.

Considero a bem dos portugueses e de Portugal que esta situação seja definitivamente encarada como uma das prioridades do país.

D. Duarte, Duque de Bragança
Santar (Nelas), 9 de Agosto de 2018