Mensagem do Presidente
Do estudo da filosofia política clássica à moderna podemos concluir que, desta realidade tripartida entre povo, território e sistema político que é o Estado, os primeiros dois ele- mentos são preexistentes e o último uma consequência necessária antropológica da realidade ôntica a que a conjugação desses obriga verificar-se.
A população é a primeira realidade, é pressuposto da existência de um Estado e causa da organização política do mesmo. Os povos são comunidades, mas o que é isto de se ser comunidade? É ter algo em comum. É a identificação com algo que transcende a unidade numa afirmação de mão no peito de pertença ao coletivo.
Mas pertença a quê? É aqui que a coroa ganha o seu brilho: num plano distinto das “partidarices”, a coroa é absolutamente imparcial. Assim é, não numa lógica de prepotência arrogante daquele que se não quer vincular à área típica do jogo político, que compro- mete aqueles que o jogam, mas por ser um árbitro desse jogo. Não conhece as cartas nem vê os jogadores, bastando-se com o jogo em si. Um garante dos valores, costumes e leis que subjazem às vicissitudes nacionais, que, de forma natural, sem artificio nem tapado pela máscara eleitoral que a lógica republicana exige aos que se candidatam a ser árbitros por via do jogo que se propõem a arbitrar (recordando a analogia usada pelo Professor Nuno Pombo), a Coroa é pura e nunca foi parte, nem a ratio do próprio sistema o permite. É, então, na vastidão das raízes de uma instituição monárquica que o povo disperso e plural pode crescer unido; é na sua profundidade que as instituições democráticas podem crescer sólidas ao serviço daquele e assim se garante o fruto mais saudável da política – uma democracia sólida ao serviço de um povo unido apesar da sua vastidão plural.
Vivemos hoje uma crise institucional, uma crise de valores a nível global. A descredibilização que chegou ao plano judicial, passando primeiro pelo poder legislativo e executivo, é sintomática da falta de um ente comum. As taxas de absentismo eleitoral são a consequência óbvia do desapego dos portugueses por si próprios enquanto comunidade e que “falta algo” que os partidos políticos não são capazes de dar a este nosso Portugal. Este laissez-faire democrático é presságio de que tempos de mudança se avizinham urgentes.
Aqui entramos nós: esta nossa causa é a resposta mais adequada. Num sistema monárquico os portugueses sabem que podem contar com esse tal ente imparcial, que em república se sabe contraditório que se lhe exija esta qualidade; este ente que não tem interesse que não o próprio povo; esta raiz que dá força e vitalidade à democracia, que sem ela – como vemos à nossa volta – é oca e desanimada. Não é nos juízos estéticos ou de popularidade que milhões de pessoas encontram fundamento ao entregar o sem tempo a casamentos reais; nem é por acaso que os reinos europeus constam entre os países mais felizes e economicamente estáveis do mundo…
Chamamos em diálogo de “causa” a este conjunto de conceções que nos identifica enquanto monárquicos, não lhe chamamos sonho nem utopia. Assim é porque a memória coletiva, que muitos tentam apagar, prevalece sobre o jogo – agora de palavras – que usam para esse efeito. Não foi na crise política nacional mais grave que este país passou esta causa que se devolveu Portugal aos portugueses? Pois bem, não foi no saudosismo pelo passado, nem do passadismo da saudade que aquele pequeno grupo pôs termo a essa crise. Nem foi no sonho nem na utopia relaxada onde hoje se deitam as ideias de tantos que por medo, ou vergonha, deixam que esta adormecer a causa para que se torne em sonho. Foi sim na ação, na persistência e na convicção de que Portugal merece ser Portugal e que assim não deve deixar de ser.
A J.M.P. foi fundada, precisamente, nos valores dos Conjurados. Foi na ação pela união que nos caracteriza, em torno daquilo que nos identifica. Para dar voz a cada um enquanto gritamos “Viva o Rei”- para que o grito se oiça mais e mais forte, para que Portugal com este grito acorde em si mesmo, e para que se possa devolver Portugal aos Portugueses.
É precisamente isto que nos propomos fazer, é precisamente este a nossa causa e é precisamente este o motivo pela qual não baixamos os braços quando Portugal padece enquanto o futuro se adivinha. Futuro esse que deve ser dos Portugueses, futuro esse que queremos, futuro esse que é possível se seguirmos os exemplos que fizeram Portugal aquilo que, mais que foi, pode vir a ser!
Viva Portugal!
Viva o Rei!
O Presidente da Juventude Monárquica Portuguesa,
Sebastião de Sá Marques