“Fica a sensação de que as eleições só servem para “meter lá a malta”

A Juventude Monárquica Portuguesa (JMP) tem criticado ao longo destes quinze dias de campanha, a prestação dos candidatos presidenciais, dizendo até alguns “militantes” da Causa Real que a campanha presidencial tem contribuído cada vez mais para que os portugueses olhem para o regime monárquico. O Panorama falou com Diogo Tomás Pereira, para um balanço desta campanha.

Pode parecer estranho pedir “aos monárquicos” para comentar a campanha “dos republicanos”, mas a Juventude Monárquica Portuguesa tem estado atenta à campanha eleitoral, que classificou já de “triste  espectáculo”, lamentando que o pais tenha de “assistir a esta feira de vaidades (…) baseado no enaltecimento dos egos dos candidatos”.

Diogo Tomás Pereira, presidente da Juventude Monárquica Portuguesa diz ao Panorama que “a independência é impossível no sistema republicano”, onde “os candidatos, com a excepção de um, têm ligações fortes aos partidos políticos. Ninguém acredita que depois da eleição seja possível apagar décadas de serviço a um partido para passar a ser suprapartidária”, acrescentando assim que “só a monarquia garante a independência tão necessária para o bom funcionamento da democracia. O Rei não depende de forças políticas ou financeiras para Chefiar o Estado”, diz.

Assim, para o líder dos jovens monárquicos, “os portugueses começam a entender que a eleição do Chefe de Estado é mais uma oportunidade para os grupos de pressão e os partidos garantirem o controlo do aparelho”, dizendo mesmo que a “sucessão de actos eleitorais” deixa a “sensação de que as eleições só servem para “meter lá a malta”. A Juventude Monárquica Portuguesa acredita que o “desinteresse generalizado pode levar os portugueses a olharem para a única alternativa ao regime republicano”: a monarquia. Ainda assim Diogo Tomás Pereira diz que a Causa Real, instituição de apoio ao regime monárquico deve “fazer um esforço muito grande para conseguir mobilizar o povo português”, não podendo ficar à espera que “a república caia na lama e depois “aqui d’El Rei”, acrescentando que “existem muitos portugueses que querem ver o regime referendado e, uma vez mais, cabe ao movimento monárquico fazer com que a problemática do regime seja mesmo uma questão”.

Marcelo Rebelo de Sousa e a presidência da Fundação Casa de Bragança

uma das questões “afloradas” no inicio da campanha presidencial. Marcelo Rebelo de Sousa é presidente vitalício da Fundação Casa de Bragança, uma instituição de utilidade pública que ficou com os bens pertencentes a D.Manuel II, incluindo o Paço Ducal de Vila Viçosa, tendo a seu cargo cinco castelos. Diogo Tomás Pereira diz ao Panorama “acreditar que Marcelo Rebelo de Sousa pede a demissão do cargo da Fundação se for eleito Presidente da República”. Ainda assim, o responsável pela Juventude Monárquica Portuguesa diz que “não podemos dizer que a Fundação da Casa de Bragança é uma instituição monárquica. A Fundação tem o património que pertencia à Casa de Bragança, mas não tem qualquer função política”, sendo que se tivesse “Marcelo Rebelo de Sousa nunca teria aceitado ser presidente, pois não é monárquico e nunca foi”, salienta. O presidente da JMP diz assim não achar “incompatível ser candidato e presidente da Fundação, mas já é totalmente incompatível ser presidente da Fundação e também da república”, considerando “imoral manter os dois cargos”, mas sabendo que “há fantasias para tudo (ser chefe da república e ao mesmo tempo presidente da fundação que tem o património dos Reis)”.

O ataque de Paulo Morais aos tiques monárquicos

Na Quarta-Feira em Aveiro, Paulo Morais disse querer “acabar com os “tiques monárquicos de uma Presidência da República a fingir que é uma casa real”, prometendo assim reduzir para um terço o orçamento da Presidência. As declarações caíram mal junto dos defensores do regime monárquico e a JMP em comunicado reagiu à intervenção do candidato presidencial.

Através de comunicado a Juventude Monárquica Portuguesa relembrou Paulo Morais que “a Casa Real Espanhola gasta cerca de 8 milhões de Euros por ano e a Presidência da República portuguesa ronda os 15 milhões anuais”, dizendo ainda que “Paulo Morais quer o impossível em república” que é o fim da corrupção e convidando ainda o candidato presidencial a “participar nas suas acções de formação política”, acrescentando que Paulo Morais “pode ser um republicano arrependido”.

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Panorama,  22/01/2016

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